Nos Cadernos do
Cárcere, Gramsci empreende uma análise crítica dos grupos subalternos,
examinando suas condições, os fatores que contribuem para sua subordinação,
seus modos de pensamento, cultura e seus níveis de organização política. Ele
tenta identificar os fatores que capacitam e os que impedem os grupos
subalternos na transformação de suas condições. No Caderno 3, §48, intitulado
“Passado e presente. Espontaneidade e direção consciente”, o autor argumenta
que as lutas políticas subalternas são muitas vezes caracterizadas pela espontaneidade,
um fator que contribui para aspectos ineficazes e, às vezes, regressivos da
atividade política subalterna.2 Por “espontaneidade”, Gramsci sugere a ação dos
grupos subalternos de acordo com um impulso inquieto ou “instinto” de revolta,
devido a crises ou condições inaceitáveis. Rebeliões e revoltas espontâneas dos
grupos subalternos indicam descontentamento social e desejo por uma mudança
sócio-política, mas tais movimentos raramente conseguem transformar as suas
próprias condições. Assim, para ser eficaz, argumenta que as lutas subalternas
devem ser fundadas na “direção consciente”, descrita como a atividade política
informada pela teoria revolucionária e enraizada em uma compreensão sistemática
das condições históricas que definem a subalternidade.
20/4/16
Gramsci e as lutas subalternas hoje: espontaneidade e organização política
Etiquetas | Tags | Étiquettes:
Ensayos,
Estudios Subalternos,
Marcus E. Green
Suscribirse a:
Entradas (Atom)