![]() |
Antonio Gramsci ✆ A.d. |
José Carlos
Freire | O presente artigo procura refletir sobre o
modo pelo qual Gramsci debate com os autores de seu tempo, a fim de recolocar o
marxismo no terreno da história e da dialética. Tomamos como referência o
confronto de Gramsci com o neo-idealismo italiano, representado por Benedetto
Croce, e com o marxismo economicista, representado por Nicolai Bukharin. Com
isso, procuraremos analisar se Gramsci seria autenticamente um marxista ou,
dito de outro modo, até que ponto ele teria se afastado de Marx pela aproximação
a Hegel. O confronto de Gramsci com o neoidealismo de Croce e o determinismo de
Bukharin evidenciará, como veremos, sua perspectiva crítica.
Introdução
A obra de Antonio Gramsci (1891-1937) representa o esforço
de atualização da teoria marxista, no contexto europeu do início do século XX.
A primeira parte de seus escritos, produzidos antes de ser preso pelo regime
fascista em 1926, constituise de artigos diversos, majoritariamente
jornalísticos. A segunda, escrita já na prisão, constitui os Quaderni del Cárcere – apontamentos
feitos em cadernos escolares – e as Lettere
dal Carcere – correspondências do autor escritas também na prisão. Desse
modo, os temas diversos sobre os quais Gramsci reflete, encontram-se espalhados
pelos 33 Quaderni e pelas Lettere 2 .