
É muito claro que vivemos em um tempo de radicais transformações
na política e economia mundiais, o que segundo alguns autores significa na
prática a crise do Estadonação e o surgimento de um complexo de instituições
internacionais, da substituição das diversas regulações nacionais por uma única
regulação global. Isso significaria o estabelecimento de padrões mundiais que
pouco a pouco se impõe sobre as diversidades locais.
Neste novo contexto mundial os estados periféricos estariam
se enquadrando em um processo de homogeneização das políticas públicas em nível
global. Caberia a eles o projeto de ajuste das economias nacionais, a seleção
das instituições estatais aptas a fazer esta transição, a eliminar as incapazes
e a criar as novas agências adequadas a este fim. A idéia do “pensamento único”
reflete o nível de hegemonia que as idéias dominantes do neoliberalismo global
atingiram. Os alardeados processos de modernização por que devem passar as
economias periféricas nada mais significam, portanto, do que adaptar sua
sociedade e economia ao novo padrão de desenvolvimento do capitalismo global e
transnacional.
O propósito deste trabalho é pensar a construção de um
arsenal teórico que, baseado nas idéias de Gramsci, permita entender as políticas
públicas em um contexto mundializado, o que exige dos pesquisadores um estudo
aprofundado sobre o papel das instituições da sociedade civil global, já que a
própria delimitação do espaço nacional vis a viso espaço
internacional só pode ser compreendia numa relação que, no melhor espírito dialético,
unem Estado e sociedade civil, sociedade nacional e sociedade global.